Vários: “Musics in the Margin / Musiques en Marge” (Sub Rosa)
Documento de uma exposição visual e sonora dedicada às “margens” que teve lugar em Bruxelas, esta colectânea da Sub Rosa amplia o conceito de “arte bruta” a práticas musicais de “não-músicos” (no sentido de que não tiveram formação convencional neste campo) com problemas mentais e de exclusão social ou simplesmente excêntricos e que se colocam por opção própria fora do sistema. Martha Grunenwaldt será uma das mais famosas representantes desta área, mas o curador do projecto, Irwin Chusid, foi também buscar um vagabundo de Chicago muito admirado por Jello Biafra, dos Dead Kennedys, chamado Wesley Willis, que fazia rimas sobre os ritmos pré-programados de um teclado (desapareceu das ruas entretanto, supondo-se que tenha morrido), uma estrela do universo “indie”, Daniel Johnston, se bem que numa inédita perspectiva de primarismo criativo, e até uma figura histórica da pesquisa sonora, Konstantin Raudive, que investigava as “vozes dos mortos” na estática da rádio. O acordeão de Oscar Haus, o “raping” Dada de MC Speedy e o homem-orquestra André Robillard são outros pontos altos desta curiosa compilação. A faixa com que termina o CD, assinada como Galaxia, pseudónimo de Steve Wallis, dá dimensão política ao todo. Intitula-se ”The Revolution Starts Now” e tem um refrão que lembra os Stranglers, “whatever happened to the heroes”, e John Lennon, “a working class hero is something to be”. Os heróis de que ele fala são Trotzky, Rosa Luxemburgo, Martin Luther King, Allende, Nelson Mandela e militantes socialistas, sindicalistas reprimidos ou resistentes às ditaduras sul-americanas. Um dia o mundo será dos loucos e dos visionários, é o que ele promete…
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