Há muito tempo atrás, os sons eram considerados sagrados e reservados a deuses e sacerdotes. Orfeu, poeta e hierofante dos mistérios de Dionísio, ministro e intérprete dos Céus, representado com uma lira e rodeado de animais ferozes a quem encantava com os seus melodiosos acordes, tinha o poder de mover objectos inanimados e produzir sons em sintonia com a Música das Esferas.
A Música das Esferas é um conceito que remonta aos Gregos, em particular à escola de Pitágoras. Como música que segue uma ordem racional, segundo a qual é possível, teoricamente, calcular o pitch de um objecto a partir da sua massa e da sua velocidade, a Música das Esferas representa a perfeição eterna.
Mas o conceito de frequência, criado pela tecnologia de gravação, permite à música quebrar com a tradição europeia da harmonia pitagórica como preservadora dos sons claros e puros (em oposição ao ruído caótico do mundo). É possível, desde o século XIX, registar o som, transferir as vibrações para uma superfície de gravação. “O fonógrafo não ouve da mesma forma que os ouvidos foram treinados para filtrar vozes, palavras, ruído; apenas regista eventos acústicos como esses” (F. Kittler).
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