Será possível determinar o ponto de fronteira que delimita a música composta da música improvisada? Ou mesmo, o ponto onde cessa o domínio da música e se inicia o do som? Existirá porventura uma fronteira, em qualquer dos casos?
Fará sentido avaliar e separar a criação em função dos meios utilizados? Um piano não poderá ser tomado como um instrumento de elevada complexidade quando tocado por um nativo da Nova Guiné? Um computador portátil não representará a mesma proporção de análise aos olhos de um europeu médio?
A estas e outras questões, diferentes pessoas, dar-nos-ão diferentes respostas. E todas elas, em função do momento, do seu estado de espírito e sobretudo da memória que foram construindo ao longo dos anos (cultural em geral, e musical em particular).
Em valores absolutos, podemos dizer que a maior diferença entre um piano e um laptop está no peso de cada um.
Mais do que respostas ou verdades absolutas, pretendem estes EME lançar questões a partir de trabalhos de artistas com propostas musicais, sonoras e visuais bastante diversificadas. O campo de intervenção, vai muito para além da música, abrindo-se também às artes visuais e digitais ligadas ao vídeo e à dinâmica “hard disk, live processing”. Por fim, uma componente de dialogo entre escolas e criadores através da rubrica Encontro com Criadores.
Objectivo: o alargamento de fronteiras e um sentido de procura incessante, onde as ideias de sucesso ou fracasso não fazem grande sentido. A ideia de descoberta sobrepõe-se a qualquer ditadura estética, e quanto ao discurso –ou estilo- cada um tem o seu! Tal como os rostos.
Estes EME, pretendem pois ser um lugar de reflexão por oposição a um lugar de certezas, questionar mais do que responder, e sobretudo estimular, na esperança de que uma vez criado o estímulo, surja a reacção. E então sim, ver-se-á fechado o ciclo e chegado o momento da renovação, por meio de um novo ciclo: novas formas, novos criadores, novos públicos, públicos renovados.
V.J.
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